Oliveyra, Le Chevalier [Oliveira, Francisco Xavier de] – DISCOURS PATHÉTIQUE AU SUJET DES CALAMITÉS PRÉSENTES ...

Oliveyra, Le Chevalier [Oliveira, Francisco Xavier de] – DISCOURS PATHÉTIQUE AU SUJET DES CALAMITÉS PRÉSENTES, ARRIVÉES EN PORTUGAL. Coimbra. Imprensa da Universidade. 1922. 118 (2) pp. 17,5 cm x 11,7 cm. B.
«Nova edição seguida duma notícia bibliográfica».

Obra incontornável do iluminismo português e da história das ideias composta por Francisco Xavier de Oliveira (1702 — 1783), que ficaria conhecido para História como o Cavaleiro de Oliveira, uma das figuras mais controversas e admiradas da sua época, que atingiu fama internacional.

Esta obra, «adressé à mes compatriotes et en particulier à Sa Majesté Très-Fidèle Joseph I Roi de Portugal», foi escrita após o Grande Terramoto de Lisboa de 1755, e publicada logo no ano seguinte, tendo causado grande polémica. Oliveira havia rejeitado o catolicismo e abraçado o protestantismo em 1746, adicionando uma dose de ódio especial a este e a demais textos seus que foram chegando a Portugal. Por este texto, obra «heretica, scismatica, sedicioza, erronea, injurioza á Igreija Catholica Romana, e contraria aos Dogmas de nossa Santa Fé que pertende ruinar», a Inquisição haveria de o condenar, tendo a sua efígie sido queimada num auto-de-fé no claustro de São Domingos de Lisboa, em 1761. Tal acto, inusitado e ultrapassado para os meados do Século das Luzes, deu origem a um dos comentários mais jocosos da História de Portugal: questionado sobre o facto quando dele tomava conhecimento, Oliveira retorquiu que, de facto, nesse dia tinha sentido bastante calor em Kentish Town, na altura uma aldeia nas cercanias de Londres onde residia. Surgido também deste episódio, Francisco Xavier de Oliveira escreveria logo de seguida um célebre opúsculo irónicamente intitulado Le Chevalier d'Oliveyra brûlé en effigie comme hérétique.

Esta edição que ora se apresenta a martelo é rara, porquanto as primeiras em francês e inglês são praticamente inexistentes, e, da segunda, editada em 1893 por Joaquim de Araújo (Porto, Typographia Occidental) e que esta segue, foram tirados do prelo apenas 36 exs., distribuídos entre amigos e bibliófilos.

Notas finais pelo distinto lente figueirense Joaquim de Carvalho (1892 — 1958).

Bom estado geral de conservação, apenas com alguns picos de acidez nas capas de brochura. Interior muito limpo.

Muito raro.